O passo mais crítico para escalar sua startup: como contratar o vendedor certo
- carlosacandre
- 8 de abr.
- 4 min de leitura

Contratar o representante comercial (sales rep) certo é crucial para o sucesso de uma startup. Equipes de vendas sofrem com alta rotatividade – estudos indicam que o turnover de vendedores pode ser quase três vezes maior que a média de outras profissões. Em startups, onde cada contratação pesa no resultado, escolher o perfil ideal desde o início pode evitar perda de tempo e recursos.
Neste artigo, discutimos:
O perfil ideal de um sales rep para startups (incluindo soft skills, experiência e fit cultural);
Como identificá-lo na entrevista, com perguntas e técnicas práticas;
Como reconhecer, após a contratação, se a escolha foi equivocada – com sinais comportamentais, timeline de ramp-up e métricas de desempenho para acompanhar.
✅ O perfil ideal de um Sales Rep para Startups
Startups precisam de vendedores versáteis, resilientes e altamente alinhados à cultura da empresa. A seguir, os principais atributos a considerar:
1. Soft Skills e comportamento
Comunicação clara e persuasiva
Resiliência e adaptabilidade
Coachability (capacidade de aprender com feedback)
Curiosidade ativa e interesse pelo produto/mercado
Senso de responsabilidade e atitude proativa
2. Experiência relevante
Ter atuado em contextos similares (ex: vendas consultivas, B2B, ciclo longo)
Histórico de metas batidas ou superadas
Familiaridade com CRM e metodologias de vendas é um diferencial
3. Fit cultural
Alinhamento com os valores e missão da startup
Disposição para trabalhar em ambientes menos estruturados
Espírito de colaboração e senso de dono
4. Perfis comportamentais úteis
Testes como DISC ajudam a mapear traços:
Dominantes: rápidos, orientados a resultados
Influentes: comunicativos, entusiastas
Estáveis: bons em construir relações duradouras
Cautelosos: analíticos e focados em qualidade
Não existe perfil “ideal” único — o importante é que ele combine com o tipo de venda e com a cultura da empresa.
🧠 Como identificar o perfil certo durante a entrevista
1. Use perguntas comportamentais e situacionais
Exemplos:
“Conte sobre uma venda difícil que você perdeu. O que aprendeu?”
“Como você organiza sua rotina para bater metas?”
“Qual feedback mais difícil você já recebeu e como reagiu?”
Use a técnica STAR (Situação, Tarefa, Ação, Resultado) para estimular relatos concretos.
2. Avalie motivação e valores
Exemplos:
“Por que você escolheu trabalhar com vendas?”
“O que te faria escolher nossa empresa entre outras?”
“O que um profissional de vendas nunca deve abrir mão?”
Busque sinais de interesse genuíno, identificação com a empresa e ética de trabalho.
3. Simulações práticas (role plays)
Peça ao candidato para simular:
Uma call de prospecção
Um pitch do produto para um cliente fictício
Depois, dê um feedback e veja se ele consegue melhorar na repetição. Isso avalia coachability em tempo real.
4. Observe atitudes desde o primeiro contato
Chegou no horário?
Fez perguntas sobre a empresa?
Mostrou preparo sobre o produto?
Esses detalhes revelam nível de interesse, responsabilidade e fit com a cultura.
📉 Como identificar uma má contratação no pós-onboarding
Mesmo com um bom processo seletivo, contratações erradas acontecem. Identificar cedo evita maiores prejuízos.
1. Monitore o ramp-up
Tenha um prazo claro de tempo de ramp-up (ex: 3 meses para SDRs, até 6 para vendas consultivas).
⚠️ Sinal de alerta: o novo vendedor está muito abaixo da curva esperada dos colegas, mesmo com suporte.
2. Acompanhe as métricas certas
Principais indicadores para os primeiros 60–90 dias:
Atividades realizadas (ligações, e-mails, reuniões agendadas)
Taxa de conversão (de leads em reuniões, de propostas em fechamentos)
Ciclo médio de vendas (tempo para converter uma oportunidade)
Receita gerada vs. meta proporcional ao ramp-up
Qualidade do pipeline (leads bem qualificados ou volume vazio?)
Ticket médio e retenção dos clientes conquistados
O foco deve estar na trajetória de evolução — mesmo que não atinja a meta de início, é importante ver progresso consistente.
3. Observe sinais comportamentais
Falta de iniciativa (espera tudo dos outros, não busca leads)
Resistência a feedback (reage mal, não aplica o que foi ensinado)
Postura vitimista (culpa o mercado, o marketing, o produto…)
Desalinhamento cultural (atitudes que não combinam com os valores da empresa)
Problemas básicos de profissionalismo (atrasos, promessas não cumpridas)
Esses sinais costumam surgir antes mesmo de os números ficarem ruins. Fique atento.
4. Tenha um plano de decisão claro
Se após 2–3 meses de atuação efetiva o vendedor:
Não entrega resultados mínimos,
Não responde a feedbacks,
Ou mostra desalinhamento claro,
…é hora de considerar um PDI curto ou desligamento. Uma má contratação retida por tempo demais custa caro e contamina o restante do time.
🧩 Conclusão
Contratar um vendedor em uma startup é decisão estratégica — mais do que preencher uma vaga, é escolher alguém que vai representar sua empresa no mercado e impactar diretamente sua receita.
Para tomar essa decisão com segurança:
Defina claramente o perfil que você precisa
Estruture entrevistas que testem mais do que discurso
Acompanhe os primeiros meses com métricas claras e olhar crítico
Corrija ou corte rapidamente se perceber que não deu match
Fundadores que montam bem o time comercial desde o início ganham velocidade, confiança e escala. E evitam o custo oculto das más contratações.
📚 Referências
Artisan Sales Hiring Report – Turnover e características de high performers em vendas
HubSpot Sales Blog – Coachability como principal indicador de sucesso em vendas
Predictable Revenue – Técnicas de entrevistas estruturadas para vendas
Agendor – Entrevistas com perguntas situacionais para vendedores
Pipedrive – Ramp-up e métricas essenciais para avaliação de vendedores
Sales Hacker – Como identificar sinais de má contratação no pós-onboarding
Harvard Business Review – Fit cultural e performance de times de vendas
Rock Content – Perfis comportamentais (DISC) e adaptação em vendas
QuotaSignal – Métricas para monitorar ramp-up em novos vendedores
Reforge – Contratações em startups e impacto sobre crescimento
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